De Fafe para o mundo: o pudim português que quer chegar à China

Empresa de produção de pudins, sediada em Fafe, já exporta para nove países e o próximo destino é a China. Tal como acontece com o pastel de nata, o objetivo é internacionalizar o Pudim Abade de Priscos e levá-lo aos quatro cantos do mundo.


 
Joana Amarante
Joana Amarante Jornalista
03 dez. 2025, 06:00

Paulo Fernandes, fundador da Domínio Culinário e do Pudim da Tv
Fotografia: Paulo Fernandes criou o "Pudim da Tv"
Paulo Fernandes é engenheiro de Sistemas e Informática há mais de 25 anos, mas atualmente tem uma fábrica de produção de pudins Abade de Priscos , em Fafe, que já é um sucesso internacional. O ‘Pudim da TV’ já está em nove países e o próximo destino é a China.

A história é, no mínimo, curiosa se pensarmos que até há bem pouco tempo, Paulo Fernandes nunca tinha feito um pudim. Foi na pandemia que começou a partilhar receitas nas redes sociais, que se tornaram virais e, nessa altura, fez os primeiros pudins. Mais tarde, surgiu a oportunidade de apresentar a receita na televisão, o que lhe trouxe um sucesso inesperado: milhares de pessoas pediram-lhe para provar a sobremesa.

O empresário de Fafe começou a ser contactado por restaurantes que queriam comprar o doce. “Foi assim que há quatro anos criei uma empresa para produção de pudins e que, há dois anos e meio, tive de montar uma fábrica para a sua produção”, explica Paulo Fernandes ao Conta Lá.

Mas o que torna este pudim único? “Em primeiro lugar, tem o prazo de validade de um ano, o que significa que tem durabilidade na prateleira. Além disso, não precisa de frio e isso é bastante bom porque facilita o transporte, a distribuição e a comercialização”, sublinha.

Neste momento, a fábrica já conta com equipamentos industriais, fornece mais de 400 restaurantes a nível nacional e exporta para nove países. Com o aumento de produção, foi necessário automatizar os sistemas e, para isso, está a ser aplicado um investimento de cerca de meio milhão de euros em automação e robótica. “Isto não é um trabalho para um ser humano, isto é um trabalho para robôs”, sublinha, acrescentando que a prioridade é manter a receita e a qualidade das matérias-primas.

Recentemente, surgiu a oportunidade de participar na exposição luso-chinesa em Macau, em outubro, para estudar o mercado e aprender como é que esta sobremesa portuguesa se pode tornar um produto global. 

“Nenhum empresário tem o bom senso de se meter a mandar produtos para a China sem primeiro perceber se os chineses gostam ou não gostam do pudim.”

A viagem ao Oriente serviu essencialmente para dar a provar o pudim a muitos chineses e para procurar representantes, distribuidores e clientes, de forma a perceber como funcionam as regras de importação, as taxas e os preços de venda.

Neste momento, a fábrica está a aumentar a capacidade de produção e quer crescer até atingir um fabrico anual de 1 milhão de pudins. E o objetivo é exportar essa quantidade para a China? “Eu não tenho dúvidas de que isso vai acontecer, agora não me perguntem datas porque é um trabalho difícil, acima de tudo de afinação do sabor porque os orientais, especialmente os chineses, não estão tão habituados ao açúcar como nós aqui”, responde o empresário.

Paulo Fernandes diz com convicção que “qualquer pessoa que desenformar o Pudim da TV, quando mete a primeira colher à boca nem sequer duvida que isto é pudim caseiro.”

O objetivo será sempre abrir caminho para mais mercados: ”O caso da China aconteceu há três semanas, mas no último ano temos andado por França, Suíça, já estamos a mandar para a Áustria e para a Holanda, por exemplo”, sublinha. 

Mas a receita será sempre a mesma? O empresário explica que a produção “está a passar, neste momento, por uma fase de criação de pequenas variações da receita, adaptada a cada país, sem alterar as características tradicionais”.

A prioridade de Paulo Fernandes é dar a conhecer a todos este doce típico português, tal como já aconteceu com o pastel de nata. Para isso, quer apostar “no mercado da saudade”, enviando os pudins para portugueses a viver no estrangeiro, que possam dar a conhecer esta sobremesa.

“Este pudim, que tem 150 anos de história em Portugal e que não é conhecido pelo mundo, precisa de alguém que lhe dê a mão e que lhe abra as portas do mundo.”