Estado classifica capela de São João Batista como “tesouro nacional”

Capela em Lisboa é reconhecida como “uma das mais notáveis realizações do barroco europeu e da arte sacra romana em Portugal”.
Agência Lusa
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19 dez. 2025, 16:15

A decoração inclui elementos em bronze dourado, embutidos de madeira e marfim e variados materiais de pedras nobres.
Fotografia: A decoração inclui elementos em bronze dourado, embutidos de madeira e marfim e variados materiais de pedras nobres.

A coleção da capela de São João Batista, na Igreja de S. Roque, em Lisboa, foi classificada como “tesouro nacional” pelo Estado, anunciou esta sexta-feira a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), que tutela o monumento.

A classificação da coleção da capela de São João Batista coincide com o 120.º aniversário do Museu de São Roque, no Bairro Alto, da SCML.

“A capela de São João Batista é reconhecida como uma das mais notáveis realizações do barroco europeu e da arte sacra romana em Portugal, e uma joia única no património artístico nacional”, realça a SCML, em comunicado.

A capela foi construída em Roma, de onde foi enviada para Lisboa e assente no espaço da antiga Capela do Espírito Santo.

A decoração inclui elementos em bronze dourado, embutidos de madeira e marfim e variados materiais de pedras nobres.

A capela possui três painéis figurativos em mosaico, também usado no pavimento, e outros três em relevo, além de figurações escultóricas em mármore, situadas ao nível do remate do retábulo, da cobertura e do arco exterior da capela, encimado pelas armas reais portuguesas entre figuras de anjos.

A coleção da Capela de São João Batista inclui paramentaria e ourivesaria.

Esta capela insere-se na política de mecenato artístico e cultural empreendida pelo rei João V que liderou o país de 1706 a 1750.
O monarca mandou construir esta Capela aos arquitetos romanos Luigi Vanvitelli e Nicola Salvi, “sob o desejo de trazer Roma para Lisboa”.

“O acervo da Capela de São João Batista é composto por cerca de 200 peças documentadas, com um valor cultural e uma importância histórica inestimáveis", que inclui paramentos bordados em fio de ouro para as missas mais solenes e bordados em fios de seda, para as missas diárias”, afirma a SCML, acrescentando que esta coleção “é única no mundo, com a particularidade de estar completa e no local para onde foi concebida, o que é extremamente raro”.

A SCML refere-se a esta encomenda régia como “prodigiosa", realçando que nela trabalharam “os melhores artistas, arquitetos, ourives e artesãos da época”.

Para a SCML, a classificação da coleção da capela de São João Batista como “tesouro nacional” reforça “o papel do Museu de São Roque na preservação e valorização do património móvel nacional, ao mesmo tempo que evidencia o compromisso da Santa Casa em valorizar o seu legado histórico e patrimonial como instrumento ao serviço da coesão social, e em promover uma Cultura acessível a todos”.

A proposta de classificação foi apresentada ao Governo em janeiro deste ano.